🔴 RENDA DE ATÉ R$ 5 MIL POR SEMANA – CONHEÇA A ESTRATÉGIA

Volatilidade? Não, obrigado! Existe outro indicador de risco melhor

Considerada uma das principais medidas de risco adotadas pelo mercado, a volatilidade tem dois problemas práticos graves

14 de agosto de 2023
12:21 - atualizado às 12:50
instabilidade, dólar, bolsa, mercados, ibovespa, corda bamba
Imagem: shutterstock

A volatilidade é, de longe, a principal medida de risco usada no mercado financeiro.

A definição mais formal do indicador seria: a dispersão das variações diárias de um ativo em torno de sua média.

Para simplificar, eu prefiro dizer que a medida representa o quanto um ativo “balançou” ao longo do tempo.

Uma volatilidade alta significa que o ativo subiu e caiu bastante e, possivelmente, tornou uma ou duas noites de sono do investidor um pouco mais desconfortáveis – ao menos daqueles desavisados, que não sabiam onde estavam colocando o seu dinheiro.

Apesar de ser um indicador muito utilizado pelo mercado – talvez pela facilidade de seu cálculo, ou somente por sua tradicionalidade –, em nossas análises internas de fundos de investimento optamos por outra medida de risco que consideramos muito mais justa: o Ulcer Index.

Antes de apresentá-lo, porém, te mostrarei na prática os dois principais problemas da volatilidade.

O fundo ‘balançou’ muito... mas para qual direção?

A primeira crítica à volatilidade é muito simples: não há distinção entre retornos positivos ou negativos.

O gráfico abaixo representa a simulação de dois fundos fictícios em um determinado período:

Pela imagem, você diria que ambos os fundos possuem o mesmo risco? Eu com certeza não.

Por incrível que pareça, ambos possuem a mesma volatilidade, de 4,7%. Isso acontece por possuírem variações iguais, mas com sinais invertidos, o que não é capturado no resultado final do indicador.

É claro que se trata apenas de uma simulação, mas o uso da volatilidade pode distorcer a percepção de risco entre fundos, quando comparados exclusivamente através da análise dessa medida.

Os fins justificam os meios?

Veja o gráfico abaixo, em que cada linha representa uma série de retornos diferentes:

Gráfico

Descrição gerada automaticamente

Olhando apenas a imagem, qual deles você escolheria para investir? Note que as três, no final, chegam ao mesmo resultado.

Aqueles com perfil de risco mais conservador talvez escolheriam a linha azul, por ser visualmente mais estável.

Outros, com mais apetite a risco, não suportariam investir em um ativo que ficou tanto tempo “parado” (como o da linha azul), optando então pela linha preta.

Eu não sei sua resposta exata, mas uma coisa eu tenho certeza: você não escolheu a linha vermelha, que acumulou uma perda superior a 97% na maior parte de seu histórico.

Que volatilidade é essa?

O mais impressionante é: as três séries são os retornos diários do índice Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira, com algumas modificações.

A linha vermelha representa o índice com a ordem dos retornos diários reorganizados da mais negativa para a mais positiva. Por isso, a linha inicia com quedas bruscas e se recupera apenas no final.

A linha azul, por outro lado, é uma otimização dos retornos diários do índice para que ele sempre tenha o menor período de perda possível. De um modo geral, sempre há retornos negativos seguidos por outros positivos.

A linha preta, por fim, é o Ibovespa puro, sem alterações.

LEIA TAMBÉM: Vale a pena investir sob as orientações de um prêmio Nobel?

O caminho importa

Como as variações diárias são iguais, apenas com a ordem modificada, a volatilidade dos três, no fim, é a mesma.

Assim, caso você tivesse apenas a informação da volatilidade e do retorno de cada um – que são iguais –, poderia acabar colocando o seu dinheiro em uma estratégia inadequada para o seu perfil de risco – e, convenhamos, a maioria já teria resgatado o investimento na linha vermelha bem antes de sua recuperação.

Podemos pensar em uma série de motivos para não querer que um fundo possua um período de perda (drawdown) muito relevante – o valor para que uma queda seja considerada “grande” de fato ainda é uma incógnita, mas já fizemos estudos que sugerem algo superior a 40%.

Um gestor amador pode, por exemplo, se arriscar demais em posições controversas para tentar se recuperar de uma perda profunda. Nesse caso, os cotistas também seriam afetados, possivelmente migrando seus recursos para outras alternativas de investimento e prejudicando a saúde financeira da gestora.

As consequências são muitas, mas a principal mensagem aqui é: o caminho importa.

VEJA TAMBÉM — Pensão alimentícia: valor estabelecido é injusto! O que preciso para provar isso na justiça? Veja em A Dinheirista

Ulcer Index: corrigindo os problemas da volatilidade

Consideramos o Ulcer Index como uma medida mais apropriada para a análise de fundos justamente por endereçar os dois problemas ilustrados para a volatilidade.

Sua função matemática é a seguinte:

Repare que a medida leva em consideração apenas os períodos em que o fundo esteve com um desempenho negativo, retirando o uso da “volatilidade boa” – em que o fundo teve retornos positivos – do cálculo de risco.

Além disso, é feito ainda um ajuste para considerar apenas as perdas abaixo do benchmark (índice de referência) do fundo. Afinal, um fundo que caiu menos que seu benchmark em um determinado período deveria receber algum reconhecimento, não é mesmo?

Outro fator interessante é que as perdas são elevadas ao quadrado. Com isso, o cálculo penaliza os fundos que possuem períodos de queda mais intensos – importante ressaltar que, quanto maior o Ulcer Index, mais arriscado é o fundo.

No exemplo anterior das versões do índice Ibovespa, o Ulcer Index capturou com precisão o risco de cada linha, como visto abaixo:

A volatilidade é muito utilizada principalmente por fazer parte da composição do Índice Sharpe, o indicador de eficiência (relação entre retorno e risco) mais utilizado pelo mercado.

Nossas críticas à volatilidade, consequentemente, afetam o Sharpe, que também possui um substituto melhor dentro de nossas análises. Talvez eu o traga aqui em uma próxima ocasião.

Um grande abraço,

Pedro Claudino

Compartilhe

Especial IR

Dúvidas cruéis sobre declaração de ações no IR: isenção, retificação, mudança de ticker, prejuízos e investimento no exterior

11 de maio de 2024 - 8:00

A Dinheirista responde algumas das suas dúvidas mais cabeludas sobre como declarar ações no imposto de renda

SEXTOU COM O RUY

Bolsa barata não basta: enquanto os astros locais não se alinham, esses ativos são indispensáveis para a sua carteira

10 de maio de 2024 - 6:07

Eu sei que você não tem sangue de barata para deixar todo o patrimônio em ações brasileiras – eu também não me sinto confortável em ver os meus ativos caindo. Mas há opções para amenizar as turbulências internas.

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Selic — uma decisão com base em dados, não em datas

8 de maio de 2024 - 16:42

Hoje em dia, ao que parece, tudo tem que terminar cedo, e bebidas alcoólicas são proibidas. Por conseguinte, os debates deram lugar a decisões secas e comunicados pragmáticos

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Divididos entre o conservadorismo salutar e a cautela exagerada, Copom e Campos Neto enfrentam um dilema

7 de maio de 2024 - 6:18

Os próximos passos do Copom dependem, em grande medida, da reação da economia norte-americana à política monetária do Fed

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Mantendo a esperança nas bolsas americanas

6 de maio de 2024 - 20:01

Começamos maio de forma bem mais positiva do que foi abril — sigo uma regra que, se não infalível, tem uma taxa de acerto bastante alta: se o payroll for positivo, o mês será positivo para as bolsas americanas

Especial IR

Meu filho de 30 anos faz mestrado e não trabalha; ele pode ser meu dependente na declaração de imposto de renda?

4 de maio de 2024 - 8:00

O filho dela é estudante, e ela arca com suas despesas; será que tem como abatê-las no IR 2024?

SEXTOU COM O RUY

Como ganhar dinheiro no mercado financeiro usando um erro na estratégia das seguradoras

3 de maio de 2024 - 6:08

É assim que algumas vezes conseguimos capturar ganhos relevantes – como no caso do Bradesco no 4T23, que nos deu um retorno de mais de 500%

de repente no mercado

LCIs e LCAs ‘obrigam’ investidores a buscar outros papéis na renda fixa, enquanto a bolsa tem que ‘derrotar vilões’ para voltar a subir em 2024

28 de abril de 2024 - 12:00

Vale divulga balanço do 1T24 e elétricas sofrem com performance negativa; veja os destaques da semana na ‘De repente no mercado’

Ficou no prejuízo?

Comprei um carro com meu namorado, mas terminamos e ele não me pagou a parte dele; o que fazer para não tomar calote?

27 de abril de 2024 - 8:00

Ex-namorado da leitora não pagou a parte dele nem se movimenta para vender o carro; e agora?

SEXTOU COM O RUY

Imposto de 25% para o aço importado: só acreditou quem não leu as letras miúdas

26 de abril de 2024 - 6:11

Antes que você entenda errado, não sou favorável a uma maior taxação apenas porque isso beneficia as ações das siderúrgicas brasileiras – só que elas estão em uma briga totalmente desigual contra as chinesas

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar