O poder das más ideias: Entenda como as decisões do governo influenciam os juros e a inflação no Brasil
A regra de Taylor relaciona juros de curto prazo à inflação real, meta de inflação, PIB e à taxa de desemprego. Mas o que a fórmula diz sobre o juro atual do Brasil?
Em 1992, o economista norte-americano John B. Taylor, de Stanford, propôs uma fórmula para ajudar os bancos centrais a estabelecerem suas políticas monetárias.
A equação, que ficou conhecida como a regra de Taylor, relaciona a taxa de juros de curto prazo à inflação real, à meta de inflação, ao PIB e taxa de desemprego (veja abaixo).
Poderia ter se tornado apenas mais uma tese acadêmica ignorada pelo mercado, mas não foi o caso. A regra de Taylor é tão útil que o economista já foi considerado um dos mais influentes do mundo pela Bloomberg e um possível futuro ganhador de um Nobel de economia pela Reuters.
Seu modelo, inclusive, já está embutido no terminal de informações da própria Bloomberg, o mais usado pelos tomadores de risco e de decisões do mercado financeiro.
E o que essa fórmula diz sobre os juros atuais do Brasil?
A equação está descrita nas duas últimas linhas, na parte inferior da tela. Como você pode perceber pela bandeira no canto superior esquerdo, são os dados atuais brasileiros.
A conclusão, no canto inferior esquerdo, é a de que a taxa de juros poderia estar já em 11% ao ano, 2,75 pontos percentuais menor que os 13,75% praticados hoje.
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Mas por que isso não acontece?
Em poucas palavras, por que o governo não para de ter novas ideias fiscalmente expansionistas e inflacionárias, como juros subsidiados, citados por Nelson Barbosa nesta entrevista à Folha - isso para ficar apenas em um exemplo desta semana.
Enquanto ideias como essa pipocam todos os dias desde o início do mandato atual, nada de arcabouço fiscal. Isso faz com que outro fator que precisa ser levado em consideração pelo Banco Central, a expectativa de inflação do mercado, apenas aumente.
Na semana passada já mostrei aqui, por meio de um estudo realizado pela Studio, como as expectativas do mercado em relação ao governo se deterioraram: no dia seguinte à eleição, o mercado precificava os juros para 2026 em 11,3%; em fevereiro, com 60 dias de declarações do PT e sem arcabouço fiscal, a expectativa subiu para 13,6%.
Não custa lembrar que as expectativas de juros e as de inflação são diretamente proporcionais.
O poder das más ideias do governo, portanto, é brutal, e capaz de segurar os juros em patamares muito mais altos que o próprio governo gostaria, como Lula já deixou claro nas seguidas vezes que chamou Roberto Campos Neto, do Banco Central, de “este cidadão”.
Abraços,
Renato Santiago
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