Os preços de energia estão subindo — e essas duas ações podem ajudar você a lucrar com isso
Preços de energia de longo prazo podem recuperar médias históricas nos próximos meses e beneficiar algumas empresas listadas na bolsa
Há algum tempo eu tenho comentado sobre os preços de energia muito baixos, que são reflexo de uma combinação bastante improvável de fatores que provocaram um enorme desbalanceamento entre oferta e demanda.
Por um lado, incentivos exagerados para a construção de empreendimentos solares e eólicos, além de chuvas muito acima da média nos dois últimos anos, fizeram a oferta de energia disparar.
Do outro lado, a demanda permaneceu bastante tímida, afetada pela atividade econômica fraca e os juros elevados.
Bom, esse foi o cenário dos últimos anos, que inclusive impactou várias ações do setor. Mas esse desequilíbrio parece mais próximo de terminar, o que deve abrir boas oportunidades.
Energia barata não vai durar para sempre
Como você deve imaginar, as empresas mais afetadas do setor foram as geradoras de energia, já que os preços baixos não ajudam suas receitas.
As geradoras termelétricas também apanharam, já que a grande oferta de energia reduz a necessidade de despachos.
No entanto, mesmo diante desse cenário, Eneva (ENEV3) e Eletrobras (ELET6) seguiram entre as recomendações da Empiricus.
Mas não fizemos isso porque somos teimosos, ou porque tínhamos certeza de que os preços voltariam a subir – acredite, poucas coisas são mais voláteis e imprevisíveis do que os preços de energia.
A questão é que a combinação muito negativa de fatores que fez os preços de energia (e os despachos) desabarem nos parecia ter poucas chances de durar tanto tempo quanto o mercado acreditava.
Enquanto vários especialistas passaram os últimos dois anos dizendo não enxergar qualquer tipo de recuperação dos preços antes de 2030 – o que pesou no preço das ações –, nós entendíamos que essa combinação muito negativa para os preços não se tratava de um problema estrutural, e qualquer perturbação teria chances de fazer os preços retornarem para patamares mais sustentáveis para as geradoras.
Recentemente, o sentimento mudou e os preços começaram a se recuperar.
As perturbações estão chegando
Para começar, nos últimos meses de 2023 tivemos duas ondas de calor que provocaram aumento nos preços e nos despachos termelétricos, por conta dos picos de demanda, especialmente de aparelhos de ar-condicionado.
Isso já trouxe alguns questionamentos sobre a possibilidade de recuperação dos preços, mas nas últimas semanas, as dúvidas sobre a longevidade deste excesso de oferta aumentaram ainda mais.
Depois de dois anos de chuvas abundantes, o fim de 2023 e o início de 2024 têm apresentado precipitações abaixo da média, com os reservatórios voltando para níveis mais baixos do que o ano passado (linha azul) nesta mesma época do ano.
Apesar de o El Niño aumentar as chuvas no Sul, os maiores reservatórios do país estão justamente nas outras regiões do país, onde as chuvas diminuíram por conta do fenômeno.
Fato é que depois de passarem 2023 praticamente inteiro abaixo dos R$ 100/MWh, os preços de energia de longo prazo voltaram a subir, e já se encontram acima dos R$ 130, o que inclusive ajudou a trazer algum ânimo para várias ações do setor.
Fonte: DCIDE.
Se as condições continuarem se normalizando, e a demanda se recuperar, podemos ver esses preços voltando para patamares mais parecidos com os níveis históricos, entre R$ 150 MWh e R$ 200 MWh, o que seria ótimo para algumas companhias do setor.
Leia também
- A Vale (VALE3) ainda é um bom negócio mesmo com Mantega no conselho?
- As commodities estão em baixa, mas as ações estão baratas e ainda pagam dividendos; conheça uma boa opção na B3
Não precisamos e nem queremos secas
Antes que você entenda errado, não estou aqui torcendo para faltar água nos reservatórios.
Não só seria uma atitude mesquinha, como até mesmo em termos financeiros isso seria ruim para várias geradoras, como a própria Eletrobras, já que suas hidrelétricas precisariam parar de gerar energia nesse cenário.
Na verdade, nossa tese se baseia apenas na normalização das condições hidrológicas e de demanda de energia do país, o que já seria suficiente para ajudar várias ações do setor. E a cada semana que passa, esse cenário tem se tornado um pouco mais provável.
Negociadas por múltiplos que ainda precificam um cenário de preços de energia e despachos muito baixos, Eletrobras e Eneva seguem na carteira da série Vacas Leiteiras, e devem ser as maiores beneficiadas desse possível reequilíbrio de oferta e demanda de energia.
Se quiser conferir a lista completa e as mudanças que fizemos na carteira nesta sexta-feira, deixo aqui o convite.
- Além dessas duas empresas de energia, Ruy Hungria recomenda outras 5 ações brasileiras que estão baratas e que podem distribuir dividendos de até 10% nos próximos meses. Para conhecer essas ações GRATUITAMENTE, clique aqui.
Um grande abraço e até a semana que vem.
Ruy
LCIs e LCAs ‘obrigam’ investidores a buscar outros papéis na renda fixa, enquanto a bolsa tem que ‘derrotar vilões’ para voltar a subir em 2024
Vale divulga balanço do 1T24 e elétricas sofrem com performance negativa; veja os destaques da semana na ‘De repente no mercado’
Comprei um carro com meu namorado, mas terminamos e ele não me pagou a parte dele; o que fazer para não tomar calote?
Ex-namorado da leitora não pagou a parte dele nem se movimenta para vender o carro; e agora?
Imposto de 25% para o aço importado: só acreditou quem não leu as letras miúdas
Antes que você entenda errado, não sou favorável a uma maior taxação apenas porque isso beneficia as ações das siderúrgicas brasileiras – só que elas estão em uma briga totalmente desigual contra as chinesas
O Enduro da bolsa: mercado acelera com início da temporada de balanços do 1T24, mas na neblina à espera do PCE
Na corrida dos mercados, Usiminas dá a largada na divulgação de resultados. Lá fora, investidores reagem ao balanço da Tesla
Decisão do Copom em xeque: o que muda para a Selic depois dos últimos acontecimentos?
O Banco Central do Brasil enfrentará um grande dilema nas próximas semanas
Felipe Miranda: A pobreza das ações
Em uma conversa regada a vinho, dois sujeitos se envolvem em um embate atípico, mas quem está com a razão?
Enquanto o dólar não para de subir… Brasil sobe em ranking internacional e este bilionário indonésio fica 10x mais rico em um ano
Veja os destaques da semana na ‘De repente no mercado’
Dividendos de Klabin (KLBN11), Gerdau (GGBR4) e Petrobras (PETR4), halving do bitcoin e Campos Neto dá pistas sobre o futuro da Selic — veja tudo o que foi destaque na semana
A ‘copa do mundo’ das criptomoedas aconteceu de novo. A recompensa dos mineradores por bloco de bitcoin caiu pela metade
Meu pai me ajudou a comprar um imóvel; agora ele faleceu, e meu irmão quer uma parte do valor; foi adiantamento de herança?
O irmão desta leitora está questionando a partilha da herança do pai falecido; ele tem razão?
A ação que dá show em abril e mostra a importância de evitar histórias com altas expectativas na bolsa
Ações que embutiam em seus múltiplos elevadas expectativas de melhora macroeconômica e crescimento de lucros decepcionaram e desabaram nos últimos dias, mas há aquela que brilha mesmo em um cenário adverso
Leia Também
-
Bolsa hoje: Na véspera do Fed, Ibovespa recua e acumula queda de quase 2% em abril; dólar avança 3,5% no mês
-
A culpa é do petróleo… será? A razão para a queda das ações da Petrobras (PETR4) e o que esperar do balanço após os dados de produção do 1T24
-
Intelbras dispara 15% na B3 após balanço mais forte que o esperado — e esse bancão diz que é hora de colocar INTB3 na carteira