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Camille Lima
Camille Lima
Repórter no Seu Dinheiro. Estudante de Jornalismo na Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Já passou pela redação do TradeMap.
A CORRIDA DA VACINA

Moderna quer vacinar crianças menores de 5 anos contra a covid-19 nos EUA; Dinamarca interrompe programa de vacinação

Pedido da farmacêutica a torna a primeira fabricante a solicitar à agência reguladora dos Estados Unidos para vacinar crianças entre seis meses e cinco anos de idade

Camille Lima
Camille Lima
28 de abril de 2022
12:21 - atualizado às 12:41
Vacina da Moderna contra a covid-19
Vacina da Moderna contra a covid-19 - Imagem: Adobe Stock

A disputa pelo primeiro lugar sempre esteve presente na vida humana. Basta pensar na corrida espacial durante a Guerra Fria e agora, 65 anos depois, na competição para desenvolver a vacina contra a covid-19 o mais rápido possível e com a maior eficácia. A Moderna pode não ter sido a primeira vacina definitivamente aprovada, mas quer ser a primeira disponível para crianças.

A empresa solicitou autorização da Food and Drug Administration (FDA, a agência reguladora dos Estados Unidos) para utilizar sua vacina contra o coronavírus para crianças entre os seis meses até os cinco anos de idade.

Isso torna a companhia a primeira fabricante a fazer esse pedido à FDA. Até então, a única vacina autorizada para crianças foi a da Pfizer-BioNTech, liberada para crianças de 5 a 11 anos e adolescentes de 12 a 17 anos.

Vacina da Moderna contra a covid-19 para crianças

Ao contrário da Pfizer, a vacina da Moderna só é permitida para adultos. Ou seja, a partir dos 18 anos. A nova solicitação da farmacêutica ainda inclui um pedido de autorização da vacina para crianças de 6 a 11 anos e de 12 a 17 anos.

De acordo com um porta-voz da empresa, os dados dos pedidos serão enviados aos órgãos reguladores até 09 de maio. 

Em uma audiência no Senado na última terça-feira (26), o supervisor da regulamentação de vacinas para a FDA, Peter Marks, indicou que a agência pode considerar os pedidos da Moderna para todos os menores de 18 anos. 

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“Algumas solicitações são complicadas porque são relativamente maiores e abrangem parcelas maiores da população pediátrica do que outras”, disse Marks.

A corrida pela vacina entre a Moderna e a Pfizer

A Moderna e a Pfizer-BioNTech estão na corrida para desenvolver doses seguras para as crianças mais novas desde 2021. O desenvolvimento das vacinas aumenta a pressão sobre os reguladores dos Estados Unidos para autorizar uma vacina pediátrica.

A Moderna propõe um esquema de duas doses para as crianças de seis meses a cinco anos, sendo que cada dose vai equivaler a um quarto da dose normal de um adulto.

Enquanto isso, a Pfizer e a BioNTech estão desenvolvendo um regime de três doses para crianças de seis meses a quatro anos, com um décimo da dose para adultos.

Vale destacar que a Pfizer ainda não solicitou autorização da FDA. Entretanto, o mercado acredita que a empresa enviará o pedido à agência em breve.

Em fevereiro, a FDA tentou acelerar a autorização da vacina Pfizer para os menores de 5 anos, liberando as duas primeiras doses da vacina. Porém, a farmacêutica decidiu adiar o pedido e aguardar novos dados da terceira dose, uma vez que os resultados das duas doses iniciais não foram bons o suficiente. Segundo Albert Bourla, CEO da Pfizer, as duas primeiras doses tiveram apenas entre 30% e 40% de eficácia.

Análise da FDA sobre Pfizer e Moderna

A FDA comprometeu-se a agir rapidamente para autorizar as vacinas para as crianças abaixo dos seis anos assim que as fabricantes enviarem os pedidos completos aos regulares, com todos os dados para a solicitação.

O principal conselheiro médico da Casa Branca, Anthony Fauci, sugeriu durante uma entrevista na semana passada que a FDA quer revisar os dados da Moderna e da Pfizer ao mesmo tempo.

Segundo Fauci, a intenção da agência é comparar diretamente os dados de cada vacina para as crianças mais novas para “confundir as pessoas” sobre sua eficácia.

Porém, o diretor médico da Moderna disse esperar que a FDA analisasse a vacina da Moderna para todas as três faixas etárias abaixo de 18 anos — seis meses a cinco anos, cinco a 11 e 12 a 17 anos — de uma só vez.

Uma necessidade médica não atendida

O diretor médico da Moderna, Paul Burton, destacou em entrevista que “existe uma necessidade médica não atendida” para a população mais jovem, e espera que a Food and Drug Administration “avalie os dados com cuidado e adequadamente e não os retenha”.

Os pais de crianças abaixo dos cinco anos estão esperando por vacinas pediátricas há meses, uma vez que eles são a única faixa da população que ainda não é elegível para a vacinação contra a covid.

“Há muitos pais que querem desesperadamente uma vacina por muitas razões. E estamos quase lá. Acho que essas crianças precisam de uma vacina. Por outro lado, também reconheço que é uma situação complexa para o FDA”, afirmou Sean O'Leary, vice-presidente do comitê de doenças infecciosas da Academia Americana de Pediatria.

Porém, a expectativa é de que os órgãos reguladores dos EUA só analisem o pedido da Moderna em junho, uma vez que as autoridades anunciaram que os dados serão revisados por um painel consultivo externo de especialistas da agência antes de qualquer autorização.

Eficácia da vacina contra a covid-19 em crianças

A eficácia da vacina da Moderna em crianças varia de acordo com a idade dos pacientes.

De acordo com a empresa, em crianças menores de dois anos, a vacina foi aproximadamente 51% eficaz contra a infecção da variante ômicron.

Já em crianças entre dois e cinco anos, a eficácia chegou a cerca de 37%.

Segundo o diretor médico da farmacêutica, Paul Burton, os níveis atingidos pela vacina pediátrica são semelhantes à proteção oferecida pelas duas doses para adultos.

Apesar dos níveis mais baixos do que quando a Moderna anunciou a vacina pela primeira vez, com eficácia de 90%, as crianças que receberem as duas doses devem ter um alto nível de proteção contra o desenvolvimento de casos mais agravados, segundo Burton 

Enquanto os adultos mostraram cerca de mil unidades de anticorpos após as duas doses, com uma proteção de pelo menos 70% contra doenças graves, as crianças no estudo da Moderna reportaram entre 1.400 e 1.800 unidades de anticorpos depois de completarem o esquema vacinal.

“O que sabemos é que esses níveis de anticorpos vão ser traduzidos em forma de proteção muito alta contra doenças graves e hospitalização”, disse Burton.

Fim da pandemia no Reino da Dinamarca?

Especialmente depois do Carnaval por aqui, ouvimos muitas autoridades afirmarem que a pandemia não chegou ao fim. Mas não é o que está acontecendo na Dinamarca.

O país se tornou a primeira nação a interromper o programa de vacinação contra a covid-19, e a justificativa é justamente essa: o vírus está sob controle.

“A primavera chegou, a cobertura vacinal na população dinamarquesa é alta e a epidemia se reverteu”, afirmou a Autoridade de Saúde da Dinamarca.

Porém, isso não significa que a vacinação vai parar. Os locais que aplicam as doses contra a covid-19 vão permanecer abertos em todo o país.

A decisão do Conselho Nacional de Saúde da Dinamarca é simplesmente encerrar os amplos esforços para esta temporada, deixando de convidar as pessoas para se vacinarem a partir de 15 de maio.

Todos os dinamarqueses que quiserem completar seus esquemas de vacinação poderão ser vacinados, e a Autoridade de Saúde inclusive recomenda que os cidadãos concluam o curso de vacinação.

“Temos um bom controle da epidemia, que parece estar diminuindo. As taxas de admissão [aos hospitais] estão estáveis ​​e também esperamos que caiam em breve. Portanto, estamos completando o programa de vacinação em massa contra o Covid-19”, disse Bolette Soborg, gerente do Conselho Nacional de Saúde da Dinamarca.

A campanha da Dinamarca de vacinação contra o coronavírus começou em dezembro de 2020, com mais de 4,8 milhões de cidadãos vacinados e cerca de 3,6 milhões de pessoas com dose de reforço contra o vírus.

A Autoridade de Saúde destacou que provavelmente haverá a necessidade de retomar a vacinação contra a covid-19 em setembro, quando começa o outono na Dinamarca, à medida que o vírus continua a sofrer mutações.

*Com informações de New York Times e CNBC

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