As bets venceram? 14% dos brasileiros fizeram aposta online em 2023 – 7 vezes o índice dos que investiram em ações, Tesouro Direto ou previdência
Pesquisa da Anbima mostra que 22 milhões de brasileiros fizeram ao menos uma aposta online; percentuais de pessoas que investiram em ações, títulos públicos ou previdência, por exemplo, não passou de 2% da população em cada ativo
Mesmo com 30 anos de Plano Real e uma economia mais "normal" no Brasil, o percentual da população que investe em produtos financeiros para além da caderneta de poupança ainda é baixo. Em compensação, as bets – empresas de apostas online – explodiram no país há apenas seis anos e, num ritmo muito mais rápido, vem caindo no gosto do brasileiro.
Todos os anos, a Anbima, entidade que representa as empresas do mercado financeiro e de capitais, divulga o seu Raio-X do Investidor Brasileiro, pesquisa extensa que mostra como a população lida com as finanças e investe seu dinheiro.
Ano após ano, o retrato é mais ou menos o mesmo: uma minoria significativa poupa e investe, mas quase sempre na poupança, e percentuais insignificantes recorrem a ativos mais sofisticados e com maior potencial de retorno, como ações, títulos públicos, fundos de investimento ou previdência privada.
Mas, neste ano, a pesquisa trouxe uma novidade: uma análise da relação da população com as bets, e o resultado não é animador: 14% dos brasileiros maiores de 16 anos afirmaram ter feito ao menos uma aposta online em 2023, o que corresponde a nada menos que 22 milhões de pessoas.
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O percentual corresponde a sete vezes os 2% de brasileiros que declararam ter investido em ações, títulos públicos via Tesouro Direto ou previdência privada, por exemplo; também foi bem mais que os 5% que disseram ter investido em título privados (como CDBs, LCIs e LCAs), ou os 4% que investiram em fundos de investimento.
A poupança, aliás, foi a única, das aplicações financeiras, a ganhar das bets, com 25% dos brasileiros respondendo que investiram na caderneta.
Há quem considere as bets como forma de investimento
Segundo o levantamento da Anbima, 22% das pessoas que apostaram em bets no ano passado consideram as apostas online uma forma de investimento financeiro, embora isso esteja distante da realidade.
Embora a população mais velha (63 anos ou mais) responda por apenas 4% dos apostadores, é esta faixa etária que concentra a maior parte das pessoas que consideram as bets como investimento, com um percentual de 38% com essa visão.
As duas maiores motivações dos apostadores para utilizar as bets foram a chance de ganhar dinheiro rápido num momento de necessidade (40%) e a possibilidade de ter um retorno alto (39%). A diversão foi citada por 26%, e a emoção de apostar, por 25%.
A motivação de ganhar dinheiro rápido foi mais citada entre os não investidores (46%); já a diversão foi mais citada por aqueles que são investidores (30%). Os investidores, aliás, perfazem 16% dos brasileiros que apostaram em bets no ano passado.
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Para além das apostas online: onde os brasileiros (realmente) investem
A sétima edição do Raio-X do Investidor da Anbima mostrou que 37% dos brasileiros investiram dinheiro em produtos financeiros em 2023, índice praticamente estável em relação aos 36% de 2022, mas maior que os 31% de 2021.
Nas classes A e B, de renda mais alta, esse percentual chegou a 55%, dois pontos percentuais a menos que em 2022. Na classe C foram 38% dos brasileiros investidores (ante 36% de 2022) e nas classes D e E, 20%, o mesmo índice de 2022.
Entre os investidores, 68% aplicaram na caderneta de poupança em 2023, ante 72% em 2022; em ordem de popularidade, depois vieram os títulos privados, com 13% dos investidores, e os fundos de investimento, com 12%.
As moedas digitais (criptomoedas) também se destacaram, com 10% dos investidores se expondo a esse tipo de ativo.
Onde investem os brasileiros
| Investimento | % população 2023 | % população 2022 | % investidores 2023 | % investidores 2022 |
| Caderneta de poupança | 25% | 26% | 68% | 72% |
| Títulos privados | 5% | 4% | 13% | 12% |
| Fundos de investimento | 4% | 4% | 12% | 12% |
| Compra e venda de imóveis | 4% | 4% | 4% | 3% |
| Moedas digitais | 4% | 3% | 10% | 8% |
| Em casa/no colchão | 3% | 3% | 2% | 2% |
| Ações na bolsa de valores | 2% | 2% | 7% | 7% |
| Plano de previdência privada | 2% | 2% | 7% | 6% |
| Títulos públicos via Tesouro Direto | 2% | 1% | 5% | 4% |
| Moedas estrangeiras | 1% | 1% | 3% | 3% |
| Ouro | 1% | 1% | 1% | 0% |
| Não conhece/não utiliza | 57% | 58% | - | - |
Metodologia do Raio-X do Investidor Brasileiro
Realizada pelo Datafolha, a pesquisa Raio-X do Investidor Brasileiro, da Anbima, ouviu 5.814 pessoas das cinco regiões do país, entre os dias 6 e 24 de novembro de 2023.
Foram entrevistados homens e mulheres de 16 anos ou mais, das classes A/B, C e D/E. Estima-se que esse perfil corresponda a 160,1 milhões de habitantes, segundo o Censo de 2022.
O nível de confiança da pesquisa é de 95% e a margem de erro máxima é de um ponto percentual, para mais ou para menos.
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