🔴 ONDE INVESTIR EM JULHO? CONFIRA +20 INDICAÇÕES – DE GRAÇA!

Renan Sousa
Renan Sousa
É repórter do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo na Universidade de São Paulo (ECA-USP) e já passou pela Editora Globo e SpaceMoney. Twitter: @Renan_SanSousa
MOEDA EM ALTA

Dólar em disparada: real está sofrendo com ataque especulativo ou a culpa é mesmo do presidente Lula?

Desde o começo do ano, a valorização da moeda norte-americana é da ordem de quase 15%, segundo o Tradingview

Renan Sousa
Renan Sousa
3 de julho de 2024
14:37 - atualizado às 8:24
Real X Dólar: moeda brasileira sofre ataque especulativo?
Real X Dólar: moeda brasileira sofre ataque especulativo? - Imagem: ChatGPT

O dólar vem escalando contra o real nas últimas semanas e chegou a tocar o nível de R$ 5,70 no pior momento. Desde o começo do ano, a valorização da moeda norte-americana é da ordem de quase 15%, segundo o Tradingview — sendo que, em um único dia, houve um salto de mais de 1%. 

Alguns analistas atribuem essa valorização às falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, na visão do mercado, vem dando sucessivas caneladas em relação à sua comunicação institucional. 

"É um absurdo. Veja, obviamente, me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real neste País", declarou o presidente. As declarações ocorreram em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador (BA), na última terça-feira (2). 

Esses ruídos vão desde críticas à condução da política monetária — com apontamentos diretos à atuação de Roberto Campos Neto, que sairá da autarquia no fim deste ano — até problemas envolvendo a comunicação da meta fiscal e o novo arcabouço. 

Dessa forma, os momentos de incerteza geram uma valorização dos preços do dólar, que é utilizado como proteção e refúgio pelos investidores. 

De um lado, economistas defendem que a escalada do dólar se deve principalmente às falas de Lula. Porém, há quem acredite que se trata de um ataque especulativo contra o real, como o próprio presidente chegou a comentar em entrevista. 

  • Como proteger os seus investimentos: dólar e ouro são ativos “clássicos” para quem quer blindar o patrimônio da volatilidade do mercado. Mas, afinal, qual é a melhor forma de investir em cada um deles? Descubra aqui. 

O que é um ataque especulativo? Dólar X Real

Em linhas gerais, um ataque especulativo ocorre quando investidores ganham dinheiro apostando na desvalorização da moeda, por meio de contratos futuros. 

No longo prazo, uma moeda desvalorizada favorece a exportação do país e, em alguns casos, tende a atrair investidores por meio de aquisições. Em outras palavras, a região estaria “barata” contra o dólar, o que explicaria o movimento.

Contudo, a alta do dólar também influencia no poder de compra da população e afeta a inflação. Isso foi exemplificado na mais recente edição do Boletim Focus, que mostrou uma alta nas projeções para a moeda norte-americana e no IPCA até o fim de 2024. 

Afinal: é ou não é?

Paulo Gala,  doutor em Economia pela FGV e professor na mesma instituição, e André Perfeito, ex-economista-chefe da Necton, são do time que acreditam que se trata de um ataque especulativo. 

Ambos destacam que números relevantes para a economia seguem positivos, o que dificultaria uma escalada tão pujante do dólar. Por exemplo: 

  • Os números da balança comercial brasileira mostraram um superávit de US$ 1,13 bilhão na terceira semana de maio, de acordo com dados mais recentes;
  • O PIB fechou o primeiro o primeiro trimestre de 2024 em alta de 0,8% e segue com projeção de fechar 2024 com crescimento de aproximadamente 2,00%;
  • A taxa de desemprego segue em patamares relativamente baixos, encerrando a 7,9% no primeiro trimestre deste ano, segundo dados mais recentes;
  • O IPCA  acumulado no ano até maio está em 2,27% e também deve fechar o ano em 4,00% — dentro do intervalo de tolerância da meta do Banco Central, que varia de 2,5% até 4,5%; 
  • As reservas cambiais do BC — isto é, ativos do Brasil em moeda estrangeira que funcionam como uma espécie de seguro contra choques de natureza externa, crises cambiais e interrupções nos fluxos de capital para o país, como explica a própria instituição — atingiram os R$ 355,56 bilhões em maio deste ano. 

Em resumo, não haveria, dentro do aspecto objetivo das contas públicas do panorama econômico, um motivo específico para a subida tão vertiginosa do dólar.

“A situação hoje é de ataque especulativo por uma questão simplória: o mercado se posicionou contra o real depois de tantas mensagens truncadas”, explica Perfeito.

“Isso cria uma situação em que os agentes, mesmos os que não achem que seja o fim do mundo, virem a mão para ganhar com a queda do real, afinal não há porque se posicionar de maneira diferente.” 

“Existe uma crise de confiança, um ataque especulativo, no sentido de que há uma expectativa muito negativa, resultando em estratégias de defesa dos portfólios”, comenta Gala. “O governo deveria apresentar um plano crível de como o arcabouço fiscal será sustentável e, eventualmente, o Banco Central poderia intervir [no câmbio]. Apenas a intervenção, sem um anúncio de medidas fiscais mais críveis, poderia ser um gasto desnecessário de reservas.” 

O outro lado do dólar

Mas há quem acredite que a alta tem outros motivos para acontecer. É o caso de William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, e de Ricardo Maluf, chefe da mesa de operações institucionais de equities da Warren. 

“A moeda é um termômetro de risco em relação à economia e a percepção que se tem de risco em relação à economia”, explica o executivo da Avenue. “Também não faz sentido atacar um país com reservas internacionais elevadas e que pode se proteger deles”, afirma. 

Castro fala, por exemplo, da trajetória dos gastos públicos, que estão em níveis próximos daqueles realizados durante a pandemia de covid-19. “Se você já está gastando assim em um cenário sem nenhuma grande crise, como vai ser quando você tiver que dar suporte através de incentivos fiscais?”, diz. 

O economista ainda explica que o caminho adotado pelo governo para atingir o déficit zero — de aumento da arrecadação — tem se mostrado mais difícil do que o esperado.

Já para Maluf, da Warren, a depreciação do real aconteceu na esteira das eleições no México, quando houve a vitória de Claudia Sheinbaum, de linha centro-esquerda. “Desde então, houve uma desvalorização de 6,7% do peso mexicano, 5,8% do real e 2,7% do peso chileno”, explica, citando as principais moedas dos países latino americanos.

Neste caso, quando há a percepção de risco maior de um país emergente, os demais também sofrem em bloco. 

Percepção de risco doméstico

Isso porque, em sua rodada mais recente de entrevistas, Lula sinalizou que pode interferir no Banco Central ao defender que a autonomia da autarquia serve “ao mercado”. Assim, foi entendido que o órgão poderia baixar os juros à força, e não de maneira técnica e ponderada. 

“Quem quer o Banco Central autônomo é o mercado", disse Lula em entrevista à Rádio Princesa, em Feira de Santana, também na Bahia.

E essas investidas passaram a ser vistas por analistas como um indício de que o presidente vai interferir nas decisões do BC assim que seu indicado assumir o comando do órgão após o fim do mandato de Campos Neto.

O presidente também disse não precisar "prestar contas a nenhum ricaço" e a "nenhum banqueiro" no Brasil, um ataque claro ao mercado financeiro. 

Fatores externos elevam o preço do dólar

Por fim, os analistas entendem que o cenário internacional está favorável para o dólar fortalecido. 

Como já foi dito, a moeda norte-americana é utilizada como proteção contra choques externos e o cenário internacional fugiu para esse tipo de ativo após dados recentes da economia dos EUA. 

Mais do que isso, a percepção de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) pode manter os juros nos atuais patamares de 5,25% e 5,50% ao ano também influencia na valorização da moeda. 

Os analistas concordam que uma comunicação mais clara do governo em relação à meta fiscal e uma menor ingerência no Banco Central poderiam fazer o dólar voltar a patamares mais normalizados de preço.

Nesta quarta-feira, por exemplo, após a reunião de Lula com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a moeda norte-americana passou a cair 2,26%, cotada a R$ 5,5682. 

Compartilhe

COM LULA E EXTERIOR

Acabou o rali do dólar? Moeda norte-americana cai mais de 2% na semana e fecha no menor valor em dez dias

5 de julho de 2024 - 18:38

A apreciação do real é atribuída, sobretudo, à tentativa do governo de reconquistar a confiança na política econômica

DESTAQUES DA BOLSA

Ações da Americanas disparam 17% com queda dos juros futuros, mas crescem apostas em novo tombo dos papéis AMER3

5 de julho de 2024 - 16:57

Mesmo com o salto de hoje, as ações seguem no patamar de penny stocks, como são os chamados os papéis que negociam abaixo de R$ 1

DESTAQUES DA BOLSA

Por que a ação do Pão de Açúcar (PCAR3) sobe forte na B3 e lidera os ganhos do Ibovespa hoje

5 de julho de 2024 - 16:28

O alívio na curva de juros futuros impulsiona os ativos cíclicos nesta sexta-feira — mas não são só os DIs que estão por trás da valorização do GPA na bolsa hoje

EMISSAO DE COTAS

Fundo imobiliário da Capitânia anuncia oferta de até R$ 625 milhões na bolsa e conta como pretende usar a bolada

5 de julho de 2024 - 12:01

O fundo de shoppings deve utilizar o montante para o pagamento das aquisições de cinco ativos, além da compra de cotas de outros FIIs no mercado secundário

STOCK PICKERS

É possível ganhar dinheiro com ações durante crises — e três dos maiores investidores do Brasil revelam 15 apostas na bolsa brasileira

5 de julho de 2024 - 8:03

Batizados de “gênios do stock picking”, Camilo Marcantonio, Octavio Magalhães e Christian Faricelli abrem o jogo sobre como escolher bons ativos para lucrar na B3

ONDE INVESTIR NO SEGUNDO SEMESTRE

XPML11, BTLG11 e mais 15 fundos imobiliários com descontos e dividendos atrativos, segundo especialistas em garimpar oportunidades em FIIs

5 de julho de 2024 - 6:03

Com o mercado em queda, os FIIs oferecem uma série de “promoções” nas cotas, mas é preciso analisar com cuidado os ativos para não cair em ciladas

VEJA QUAL

Esta ação brasileira pode pagar dividendos de R$ 1 bilhão ainda em 2024 após venda de shoppings para o XPML11, segundo os cálculos do BTG

4 de julho de 2024 - 12:58

O banco de investimentos calcula que a empresa em questão deve registrar um yield de 70% neste ano

LISTA CRESCENTE DE INADIMPLÊNCIA

Sobe para cinco o número de fundos imobiliários alvos de calotes da WeWork; confira quem foi a ‘vítima’ mais recente

4 de julho de 2024 - 11:37

Nos últimos dias, uma série de FIIs revelou ao mercado a inadimplência da companha, que é pioneira no modelo de locação de espaços para coworking

MERCADOS HOJE

Ibovespa abre em alta e dólar cai com promessa de corte de despesas para manter o arcabouço fiscal em pé

4 de julho de 2024 - 10:20

Governo identificou R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que poderão ser cortadas do Orçamento para sustentar o arcabouço fiscal, mas ainda não definiu detalhes

Renda variável

B3 vai ter concorrência? Eduardo Paes sanciona Lei que cria a nova Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Veja como ela vai operar

3 de julho de 2024 - 16:41

ATG, que irá administra a Bolsa do Rio, afirma que os negócios deverão começar no segundo semestre de 2025

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar