Está na hora de mudar de emprego? Uma entrevista para saber se você está pronto para um novo desafio
Qual o mínimo e máximo de tempo uma pessoa deveria ficar em um mesmo emprego? E qual a mensagem que o currículo irá comunicar com uma mudança?
O Seu Dinheiro está completando cinco anos de vida. Se ele fosse um funcionário completando o mesmo período em uma corporação, já seria hora de partir para outro desafio?
Qual o mínimo e máximo de tempo uma pessoa deveria ficar em um mesmo emprego? Como um bom representante das humanidades, a minha resposta é depende.
Para você, o que importa cuidar nesse exato momento da sua carreira? Segurança, estabilidade, consolidação de um ciclo, possibilidade de aprender algo novo, navegar por novos mares, ganho financeiro?
Independentemente de qual seja a ancoragem da sua carreira agora, observe que cabem os cenários de permanecer no mesmo emprego ou fazer o movimento de ir para outro, de forma que as suas expectativas estejam atendidas.
A depender do contexto, uma mesma organização, por exemplo, pode gerar possibilidades diversas de estabilidade, crescimento, desenvolvimento ou reconhecimento, o que consequentemente influenciará na duração de tempo em que o indivíduo permanecerá naquele espaço.
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O que o RH vai pensar de mim?
Essa reflexão que acabo de fazer foca na perspectiva individual de como lidar com a questão do tempo. Mas geralmente a dúvida mais comum entre os profissionais é sobre a mensagem que o currículo irá comunicar com aquela determinada experiência, aos olhos de alguém externo.
Bem, um recrutador não deveria se apegar somente ao tempo cronológico do candidato em um determinado emprego e, sim, investir tempo no entendimento de como se configurou cada experiência dentro daquele período.
Nesse sentido, proponho um exercício fictício em que irei analisar o currículo (CV) e entrevistar o candidato “Seu Dinheiro”, analista sênior, que aspira uma posição como especialista, uma acima de sua atual.
Durante o papo com o “candidato”, busquei entender alguns aspectos de sua trajetória de cinco anos, que não ficaram tão claros para mim, quando analisei o seu CV.
Entrevistador: 5 anos já é um período considerável de experiência em uma mesma empresa. Durante este período, você teve mudança de escopo, de cargos ou papéis?
Seu Dinheiro: Se tem uma coisa que posso falar com tranquilidade é o quanto de mudança passei dentro da empresa. Fui contratado inicialmente para fazer um determinado escopo, mas acabei assumindo várias outras responsabilidades. Isso me trouxe o desenvolvimento de várias competências ao longo do tempo…
Entrevistador: Conte-me sobre um projeto que você tocou, mas inicialmente não tinha experiência prévia naquela determinada área ou escopo.
Seu Dinheiro: Na verdade, você está resumindo minha vida ao longo desses últimos cinco anos. O que mais fiz foi tocar projetos em que não tinha experiência anterior. Mas já entendi que o segredo está em saber que tudo é possível de aprender. Diante de um projeto novo, eu já acionava minha rede de contatos e pedia para escutar sobre a experiência deles naquele tema. Além de obviamente fazer minhas buscas por sites e vídeos com pessoas que poderiam de alguma forma inspirar e trazer mais repertório para mim.
Entrevistador: A gente sai de um lugar, mas muitas vezes o lugar não sai da gente. Isso é o que chamamos de cultura corporativa forte. Pelo que você me descreveu do SD, me parece ser um grupo com essa característica. Como será uma eventual transição para um lugar com uma cultura nova?
Seu Dinheiro: Quando paro para pensar sobre cada momento que vivi aqui, percebo que a cultura também foi ganhando novos contornos, o que me forçou novamente a ir me adaptando ao que a empresa exigia em termos de competências. Caso eu mude de emprego, acredito que não será diferente dessa realidade e terei o desafio de aprender o que é valor nesse novo coletivo e quais competências eu precisarei desenvolver.
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Vamos à análise?
Você consegue perceber que o SD, durante toda a conversa, mostrou sua capacidade de adaptação e flexibilidade? Características fundamentais para embarcar em qualquer novo contexto.
Outro destaque relevante tem a ver com a sua disposição para aprender coisas novas. E, esta, na minha opinião, deveria ser a competência que todo recrutador precisaria investigar e validar durante uma entrevista.
Alguém com predisposição para aprender é uma pessoa com potencial. O que, na prática, significa um indivíduo que terá uma grande probabilidade de “dar certo” em muitos contextos.
Voltando à provocação inicial do que então seria o tempo ideal em um emprego… Em meio à nova realidade de trabalho na atualidade, cada vez mais rápida e dinâmica em termos de mudanças, a métrica de tempo de casa deveria ser apenas mais uma informação a ser aprofundada junto ao candidato durante uma entrevista. E não um dado eliminatório na fase de análise de currículo.
Ficar 5, 10, 15 ou 20 anos em uma empresa não deveria ser atestado de absolutamente nada. As respostas do que é ideal está na forma como você ancora e se posiciona frente a sua própria carreira.
E, claro, não sejamos ingênuos, o jeito que você comunica e conta a história fazem toda a diferença em uma entrevista. Talvez esse seja o meu principal conselho para você: cuide da maneira como irá compartilhar as suas experiências.
No fim, nossa imagem e reputação são construídas a partir das narrativas que construímos quando nos comunicamos, seja por meio de um currículo, um bate-papo informal ou em uma entrevista de emprego.
Vida longa ao querido Seu Dinheiro e até a próxima,
Thiago Veras
P.S.: para quem quiser me acompanhar em mais reflexões sobre carreira e mundo do trabalho, me siga no Instagram (https://instagram.com/tveras?igshid=OGQ5ZDc2ODk2ZA==)
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