Vladimir Putin avisou: o país que aderir ao limite de preço fixado para petróleo russo terá o fornecimento suspenso. O presidente da Rússia já havia falado em consequências sem precedentes caso os EUA, europeus e aliados seguissem adiante com o plano de secar a fonte de recursos de Moscou e neste sábado (03) deu uma mostra do que pode fazer.
EUA, União Europeia (UE), Austrália, Reino Unido, Canadá e Japão concordaram na sexta-feira (02) em limitar em US$ 60 por barril o preço do petróleo russo. Esse teto deve entrar em vigor na segunda-feira (05), juntamente com um embargo da UE ao petróleo russo por via marítima.
O representante permanente da Rússia para organizações internacionais em Viena, Mikhail Ulyanov, disse que os apoiadores europeus do teto de preços lamentariam a decisão.
“A partir deste ano, a Europa viverá sem petróleo russo”, publicou Ulyanov no Twitter. “Moscou já deixou claro que não fornecerá petróleo aos países que apoiam o limite de preço antimercado. Espere, muito em breve a UE acusará a Rússia de usar o petróleo como arma."
Por que um teto?
A ideia do teto de preços é garantir que as sanções contra a Rússia tenham efeito sobre a capacidade de Putin de financiar a invasão da Ucrânia e não estrangulem o mercado mundial de petróleo — vale lembrar que a disparada do petróleo vem alimentando a inflação de todo o mundo.
O plano inicial era adotar uma taxa flutuante. Mas a coalizão temia que um preço flutuante estabelecido abaixo da referência internacional para o Brent permitiria ao presidente russo burlar o mecanismo reduzindo a oferta.
Putin poderia se beneficiar de um sistema de preços flutuantes porque se os preços do Brent disparassem devido a uma queda no petróleo da Rússia, um dos maiores produtores de petróleo do mundo, Moscou se beneficiaria indiretamente.
A desvantagem do sistema de preço fixo é que exige mais reuniões de coalizão e burocracia para revisá-lo regularmente.
China vai ajudar Putin de novo?
Analistas de energia alertam que os países signatários do teto de preços precisarão do apoio de outros grandes compradores para que esse limite de US$ 60 seja efetivo.
A China e a Índia, por exemplo, aumentaram as compras de petróleo russo após a invasão da Ucrânia para se beneficiar das tarifas com desconto oferecidas por Moscou.
Até o momento, parece haver pouco apetite dessas nações para cumprir o limite. O ministro do petróleo da Índia, Shri Hardeep S Puri, disse à CNBC em setembro que tem um “dever moral” para com os consumidores de seu país.
“Vamos comprar petróleo da Rússia, vamos comprar de qualquer lugar”, afirmou Puri na ocasião.
Ucrânia quer menos ainda
O gabinete do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, pediu neste sábado um limite de preço mais baixo para o petróleo russo do que o acordado pelos apoiadores ocidentais da Ucrânia.
Andriy Yermak, chefe do escritório de Zelenskyy, disse que o teto de preço estabelecido na sexta-feira não foi longe o suficiente.
“Seria necessário baixá-lo para US$ 30 para destruir a economia do inimigo mais rapidamente”, afirmou Yermak, assumindo uma posição também favorecida pela Polônia — um dos principais críticos da guerra de Putin na Ucrânia.
*Com informações da CNBC e da Associated Press