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Ricardo Mioto
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Conteúdo patrocinado por Empiricus

Sergio Rial dá uma aula sobre o mercado

Presidente do Santander Brasil está otimista sobre a saída da crise do coronavírus e com o mercado brasileiro, que vê como muito barato, desde que o investidor tenha cautela e conheça os riscos

Ricardo Mioto
Ricardo Mioto
14 de junho de 2020
16:01 - atualizado às 14:40
Sergio Rial, presidente do banco Santander, na sede do Banco em São Paulo
Sergio Rial, então presidente do banco Santander, na sede do Banco em São Paulo - Imagem: Murillo Constantino/Seu Dinheiro

Nesta semana que acabou, o presidente do Santander no Brasil, Sergio Rial, deu uma entrevista muito interessante a Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus.

Ele está otimista sobre a saída da crise do coronavírus e com o mercado brasileiro, que vê como muito barato, desde que o investidor tenha cautela e conheça os riscos.

Veja abaixo os principais pontos:

1) Está melhor do que o imaginado.

O coronavírus não se transformou em uma crise financeira. Eu tenho uma premissa: nunca ter a arrogância de ter certeza. Tento preparar o banco para qualquer cenário. Mas há alguns sinais de que, no hemisfério norte, a saída está sendo mais acelerada do que imaginávamos. Acho que vamos ter uma retomada mais forte no curto prazo.

2) É preciso olhar as fintechs além das mais famosas.

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Fintechs criam uma nova cultura sobre como fazer negócios financeiros. Os chamados bancos tradicionais aprendem muito. Acho que existem oportunidades não necessariamente nos bancos digitais -- creio que eles vão perceber que pagar para adquirir cliente não é sustentável. Mas há outras outras plataformas inovadoras e muito interessantes. Um exemplo: uma empresa que liga produtor com comprador no agronegócio, desintermediando as tradings tradicionais.

3) O home office tem que ser bom para empregado e empregador.

O home office veio para ficar. Vai ser necessário definir KPIs que funcionem remotamente -- estar ocupado é diferente de ser produtivo; a pessoa pode começar às 7h e ir até as 20h, estar esgotado, mas não realizar nada relevante para o cliente.

No Santander, dentro de alguns setores, vamos implementar o home office voluntário. Uma condição é que a pessoa precisa estar ao menos uma vez por semana no escritório, senão perdemos a cultura, queremos que a pessoa permaneça conectada fisicamente.

Além disso, é preciso dialogar sobre um ponto: se o home office ajuda a pessoa a poupar tempo, deixar de gastar combustível, ficar com a vida mais fácil -- inclusive economicamente --, por que não dividir alguma coisa dessa melhora com a empresa? Desde que seja voluntário, por que não com algum ajuste de benefício ou salário? Vamos construir esse diálogo.

4) Um dia, tanto déficit vai ter um preço.

Sobre o coronavírus, há um aspecto importante: acho que tem um custo das políticas fiscais que ainda não foi completamente absorvido. Eu não acredito em déficit fiscal permanente sustentando equilíbrio social. O que sustenta equilíbrio social é crescimento. Eu sempre digo aqui no banco: qualquer empresa que não tem crescimento não pode ter política de RH, porque crescimento é o que gera oportunidade, senão é só dança das cadeiras. Um país sem agenda de crescimento não consegue permitir aos cidadãos progredir, crescer.

No caso do Brasil, a trajetória fiscal preocupa. Temos um vizinho, a Argentina, que é um país extraordinário, mas que vive permanentemente em busca de um equilíbrio social por meio de um déficit fiscal permanente que é financiado pela inflação. E a inflação é o grande motor de crescimento de pobreza.

Não podemos nos iludir. Temos um déficit fiscal importante.

5) Isso implica manter a agenda de reformas no Brasil.

A grande discussão não pode ser aumento de carga tributária. Já temos 35% do PIB [em tributos]. Temos de repensar isenções fiscais. Há um universo enorme de produtos financeiros com isenção fiscal, por exemplo. Não sei se deveríamos ter tantos.

Há também a necessidade de uma reforma administrativa. O Estado precisa custar menos. O coronavírus mostrou a importância do SUS, de um sistema integrado de saúde. Mas o Estado pode ser eficiente e menor. Além disso, não dá para ter o nível de disputa judicial tributária que temos. Isso é inexplicável. Não tem sentido.

Espero que o Congresso tenha a consciência. Estamos endividados. Ser pobre e endividado não é uma boa receita.

6) O Brasil está barato.

Está tudo muito barato no Brasil, não só pela posição do câmbio, mas pela fome de crescimento que o país tem.

Pode ter repique? Pode ter empresas saindo machucadas? Pode. Mas o Brasil tem um mercado de capitais a desenvolver. Precisamos ir de um milhão para de 10 a 20 milhões de investidores em Bolsa. Não vamos criar um capitalismo em cima de bancos: o Brasil é uma sociedade eminentemente de crédito, ainda. Uma hora ficará claro que boas ações de empresas sérias trazem melhor retorno do que deixar o dinheiro na poupança, que é um movimento que já estamos vendo: apesar da crise, o apetite por produtos de mercado de capitais não arrefeceu.

Agora: o investidor tem que ir com cuidado, entender o risco. Precisa entender que as coisas quebram. Se não olhar com atenção, está correndo risco de verdade.

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