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Ricardo Mioto
Ricardo Mioto
CONTEÚDO PATROCINADO

Das decisões estúpidas (ou: não seja um argentino)

Estudos mostram que compra um bom investimento e “esquece” pode se dar melhor que um day trader e reforçam o foco no longo prazo.

Ricardo Mioto
Ricardo Mioto
26 de julho de 2020
14:24

Às vezes, na vida, a gente atravessa a rua só para escorregar na casca de banana do outro lado. Vou dar um exemplo de guerra e outro de investimentos.

Os argentinos fizeram essa travessia torpe nos anos 1980, quando arrumaram guerra com o Reino Unido.

A última edição da New Yorker traz uma reportagem sobre as Ilhas Falkland, que os argentinos chamam de Malvinas e que ficam a menos de 500 km do seu país.

O Reino Unido havia ocupado o arquipélago no Atlântico Sul há séculos, mas nos anos 1970 já não sabia o que fazer com aquilo.

As ilhas já não tinham grande utilidade geopolítica. Utilidade econômica nunca tiveram. Havia 1.800 pessoas lá, quase todos há muitas gerações. Feito uma casa no interior que um dia pareceu uma boa ideia, agora esse negócio só dava prejuízo.

O que a New Yorker descobriu: antes da guerra, os britânicos queriam entregar as ilhas para a Argentina.

Nos anos 70, tornou-se óbvio para os moradores que o Reino Unido os considerava um problema. Há anos o governo britânico havia buscado aproximar as ilhas da Argentina, de modo que os produtos e serviços necessários viessem de lá, e não da distante Inglaterra.

O governo militar da Argentina vinha se tornando mais belicoso em termos de soberania, e a última coisa que os britânicos queriam era uma disputa internacional sobre algumas rochas distantes das quais ninguém havia ouvido falar.

Para os moradores, era claro que, em algum momento, o Reino Unido ia simplesmente entregá-los à Argentina.

Em 1980, um alto funcionário do ministério das Relações Exteriores visitou a ilha e propôs explicitamente a uma audiência apreensiva que as Falklands fossem entregues à Argentina em um acordo de longo prazo, semelhante ao que posteriormente foi feito para entregar Hong Kong para a China.

Pouco tempo depois, a Câmara dos Lordes em Londres votou por não conceder a cidadania britânica aos moradores das Falklands.

Alguns moradores com economias emigraram para a Nova Zelândia, mas muitos não tinham dinheiro e moravam nas ilhas há cinco gerações. O que eles poderiam fazer?

Obviamente os locais não queriam de forma alguma virar argentinos. Preferiam ser britânicos. Acho que aqui é desnecessário dar maiores explicações.

As ilhas eram muito pobres. O solo não servia para plantar. A única atividade relevante era a criação de ovelhas meio amadoramente.

Não havia estradas no campo, então as pessoas andavam a cavalo. Os poucos jipes viviam atolados no solo úmido. O nevoeiro era constante, então as pessoas aprendiam a viajar olhando para o chão. Qualquer viagem demorava muitas horas. Se alguém ficasse doente, levaria dias entre alguém ir arranjar um médico e ele chegar. Nunca se sabia se alguma visita estava chegando: não havia telefones no campo, e a correspondência chegava uma vez por mês.

Até que, em 1982, os argentinos invadiram as Falklands.

O ato imbecil deixou Margaret Thatcher, a primeira-ministra britânica, sem opção. Não se poderia sinalizar que uma agressão ao Reino Unido ficaria por isso mesmo. Uma coisa era os britânicos entregarem as ilhas aos argentinos por vontade própria. Outra era tê-las tomadas à força e não reagir. Que mensagem passariam ao mundo? Pior: o que os eleitores diriam?

Obviamente, o poderio militar argentino não resistiu ao primeiro bocejo das forças britânicas, e logo os hermanos foram tocados de lá. Os locais contribuíram ativamente com informações para os britânicos.

(Quando viram que iam perder, os argentinos foram bem babacas: ao retomar suas casas, muitos locais encontraram destruição, bens roubados e fezes dentro das gavetas.)

Depois da guerra, tudo mudou. A condição das ilhas atraiu atenção internacional, e o Reino Unido alocou mais dinheiro para as ilhas do que nunca. Os locais ganharam a cidadania britânica completa.

Mas o maior ponto de virada foi a decisão britânica de permitir às Falklands reivindicar direitos de pesca nas águas por 180 km a partir da costa, o que os britânicos não tinham aceitado antes porque não queriam antagonizar a Argentina. As vendas de licenças de pesca para frotas estrangeiras multiplicaram em três vezes o produto interno das ilhas da noite para o dia.

Agora tudo era possível. Desde o século 19 os moradores queriam construir uma piscina, porque as águas do mar eram frias demais, então por falta de ter onde treinar ninguém sabia nadar. Assim, se um barco virava, as pessoas se afogavam. Agora haveria uma piscina. E uma escola secundária. E estradas. E telefones. E um hospital.

Os locais não apenas agora podiam se sentir verdadeiros peixes em águas aquecidas e devidamente cloradas quanto poderiam ambicionar a intelectualidade. O governo britânico resolveu pagar universidade na Inglaterra para os jovens. Com moradia, alimentação e passagens de ida e volta nas férias.

A renda per capita subiu para o nível da Noruega. Para ajudar, no século 21 descobriu-se que há petróleo no mar da região, ainda a ser explorado. As ilhas viraram ponto turístico, porque cruzeiros para a Antártida viraram moda e eles param por ali. Um par de helicópteros argentinos derrubados faz a alegria dos visitantes. Há uma estátua da Margaret Thatcher e, talvez mais entusiasmante, quem quiser pode ir ver os pinguins.

Os argentinos choram por causa dessas ilhas até hoje, humilhados no seu quintal. Os britânicos mal lembram do episódio e, se você for ao Imperial War Museum de Londres, a guerra das Falklands é uma nota de rodapé.

Por que os argentinos foram cometer essa estupidez? Com a ditadura militar do país em declínio, era preciso encontrar um inimigo nacional para tirar a atenção da opinião pública do caos e da violência criados pelos fardados.

O que os gênios não pensaram é que, quando eles perdessem a guerra, a percepção coletiva de que eram completos ineptos ia apenas crescer.

Caramba, eles iam ficar com as ilhas. Os britânicos queriam se livrar daquilo. Era só esperar. Agora nunca mais.

*

E o que tudo isso tem a ver com investimentos?

Temos uma tendência a achar que esforço e resultado são sempre relacionados.

Entrar em guerra é mais difícil do que esperar, então se eu fizer isso vou ser recompensado pelo meu esforço. A ação é mais nobre do que a paciência.

Pode ser verdade para muita coisa na vida. Não é na geopolítica nem nos investimentos.

O professor Jeremy Siegel, de Wharton, tem um paper muito interessante chamado “O Retorno de Longo Prazo das Empresas Originais do S&P 500”.

A premissa: e se você fosse o investidor mais preguiçoso da Terra e, em março de 1957, tivesse comprado ações de todas as empresas do S&P 500, o então recém-lançado índice das maiores empresas de capital aberto dos Estados Unidos, e nunca mais tivesse feito nada?

Não é nem buy & hold, é uma espécie de buy & die.

Esse investidor paciente teria passado décadas ignorando notícias na TV, discussões sobre finanças e balanços corporativos.

Se ele tivesse comprado as empresas em pesos iguais, teria conseguido um retorno anual de 13,6% ao ano, contra 12,4% se tivesse seguido o S&P (ou seja, atualizando a carteira periodicamente).

Muitas empresas passaram por processos de fusão e aquisição. A Standard Oil of New Jersey, por exemplo, virou Exxon em 1972 e Exxon-Mobil em 1999. E daí? Você virou sócio da Exxon-Mobil.

Das 500, 30 faliram, e você teria perdido o dinheiro, e 74 fecharam capital, ocasião em que você teria reinvestido nas outras o dinheiro recebido.

Claro que isso se refere ao mercado americano da segunda metade do século 20 para cá, uma era de prosperidade com poucos paralelos na história da humanidade.

De qualquer modo, veja as 17 empresas da primeira formação do Ibovespa, em 1967. (Por incrível que pareça, quem melhor fez essa compilação, com referências, foi um usuário anônimo do Reddit.)

A conta de rentabilidade é bem mais difícil de fazer por causa das várias trocas de moeda e da inflação bizarra, mas você teria conseguido valorizações astronômicas como Itaú, Antarctica (agora Ambev), Vale e em boa medida Lojas Americanas.

Alpargatas, Banespa (agora Santander) e CPFL também foram bem. Aços Villares virou Gerdau. Souza Cruz fechou o capital com valores que certamente renderam lucros enormes com relação a 1967. Só Casa Anglo (que era o Mappin) faliu, amplamente compensada pelas outras empresas.

Essa carteira não era nada ruim.

Não estou dizendo que você deveria comprar uma carteira e esquecer para sempre. Se você tivesse feito isso décadas atrás, não poderia ser sócio de ótimas empresas como Renner, a própria B3, Magazine Luiza, Natura ou Raia Drogasil.

O ponto aqui é: investimento é negócio de longo prazo, com paciência, não de compra e venda frenética de ações. Cuidado com influenciadores. Isso não acaba bem. Day trade e coisas do tipo vão acabar com o seu dinheiro.

No longo prazo, o bolo cresce e todo mundo ganha um pedaço maior. No curto, você tem que roubar a fatia do outro sendo mais esperto do que ele. E, de verdade, nenhuma pessoa física vai ganhar dos profissionais. Como diz o professor Terrance Odean, de Berkeley, entrar no jogo de trade contra a mesa do Goldman Sachs é jogar basquete um contra um com alguém da NBA. Você vai perder.

Dá para ganhar muito dinheiro no mercado. Você só não pode ser o argentino que deliberadamente vai se arranjar problema quando a paciência teria resolvido sua vida.

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Uma boa semana e um abraço!

Mioto

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