🔴 AÇÕES, CRIPTOMOEDAS E MAIS: CONFIRA DE GRAÇA 30 RECOMENDAÇÕES

Amarguras de um velho trader

Em 1961, quando a tabela sobre o crescimento anual médio do Brasil tem início, eu já trabalhava no mercado financeiro havia três anos. Então pude acompanhar de perto toda essa pífia evolução. Mas gostaria de comentá-la década por década.

8 de abril de 2019
11:22 - atualizado às 11:23
PIB

Para mim, a parte mais difícil de uma crônica é a escolha do tema. Na semana passada, quando escrevi a coluna Golpe ou Revolução, assim que me decidi pelo assunto os dedos fluíram facilmente pelo teclado.

Ontem, ao examinar uma tabela publicada pelo IBGE sobre o crescimento anual médio do Brasil nas últimas seis décadas, não tive dúvidas. É por aí que eu vou desta vez.

Antes de mais nada, os números:

Seu mentor de investimentos

Não há como não se entristecer ao examinar essas estatísticas. Nesse período, países como a China saíram praticamente da miséria para crescimentos anuais que ultrapassaram dois dígitos.

Coreia do Sul e Cingapura, só para dar dois exemplos marcantes, tornaram-se nações ricas. A Coreia tem um PIB per capita de US$ 39.400,00, contra US$ 15.000,00 do Brasil. E como cresce mais do que a gente, a diferença aumenta a cada ano.

Leia Também

Em 1961, quando essa tabela tem início, eu já trabalhava no mercado financeiro havia três anos. Então pude acompanhar de perto toda essa pífia evolução. Mas gostaria de comentá-la década por década.

1961 a 1970 (crescimento médio anual de 6,22%)

Nesse período, nós tivemos logo os 206 dias de governo Jânio Quadros, que se dedicou a sanear as finanças públicas mas acreditou que se renunciasse voltaria nos braços do povo, tal como acontecera com Fidel Castro, em Cuba, e Gamal Abdel Nasser, no Egito.

Jânio quebrou a cara. O Congresso simplesmente aceitou a renúncia. Assumiu o vice, João Goulart. Seus poderes foram esvaziados pela instituição do parlamentarismo e restabelecidos pelo plebiscito em 06.01.1963.

Jango foi deposto pelos militares em 1º de abril do ano seguinte. Seguiram-se os governos Castelo Branco, Costa e Silva e Médici.

Para a Bolsa, o período João Goulart foi ótimo por causa da reavaliação dos ativos das empresas, que ensejou polpudas bonificações.

Castelo adotou um regime de austeridade. Para reduzir a inflação, elevou as taxas de juros. O mercado de ações não fez outra coisa a não ser cair.

A recuperação se deu no mandato Costa e Silva e início do período Médici, quando começou o grande bull market das Bolsas do Rio e São Paulo.

1971 a 1980 − (crescimento médio anual de 8,67%)

Na primeira metade da década, houve o “milagre brasileiro”, que nunca mais se repetiu. À queda da Bolsa, em meados de 1971, seguiu-se a festa do open market. Quem era do mercado financeiro, e tinha um mínimo de capacidade, ficou rico.

Os generais Emilio Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo foram os presidentes. Numa omissão imperdoável, Geisel simplesmente tentou ignorar o choque do petróleo, iniciado pela guerra do Yom Kippur (outubro de 1973). Inflou a divida externa, exatamente numa época de juros internacionais altíssimos, chegando a 21,5% a.a. nos EUA.

Com o perdão pelo trocadilho, o Brasil pagaria caro por isso.

1981 a 1990 − (crescimento médio anual de 1,67%)

Década perdida, década de Figueiredo, Sarney e Collor, década de hiperinflação, dos choques heterodoxos, das tablitas, dos cortes de zeros na moeda, das reformas monetárias. Enfim, uma mixórdia total.

No mercado financeiro, a gente operava por adivinhação e inside information. Quem não as tinha, se ferrava.

O grande acontecimento foi o confisco do dinheiro no primeiro dia do governo Collor.

1991 a 2000 − (crescimento médio anual de 2,63%)

Grandes decisões governamentais, nos governos Itamar Franco e FHC. Através do PROER, foi saneado o sistema bancário. Criou-se o Plano Real.

O período se encerrou com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Ganhar dinheiro fácil no mercado tornou-se impossível. Tinha chegado ao fim a época das barbadas, das dicas...

2001 a 2010 − (crescimento médio anual de 3,71%)

FHC arrumou a cama para Lula, que soube aproveitar. Seu ministro da Fazenda, Antonio Palocci, não só manteve a meta de superávit primário como também a aumentou.

Houve grande distribuição de renda. O PIB voltou a crescer, embora muito abaixo da época do milagre.

Pobre pôde voar de avião e comprar automóvel. Os governantes se aproveitaram da popularidade para enriquecimento ilícito.

Houve dois métodos distintos de cooptação do Congresso. Na época de Jose Dirceu na Casa Civil, o Parlamento era comprado em dinheiro vivo por intermédio do mensalão. Pagou, votou!

Veio o escândalo, mas o prestígio pessoal de Lula sobreviveu. Os esquerdistas de araque fizeram parcerias com os fisiologistas do Congresso (pleonasmo?). Todos se juntaram a grandes grupos empresariais.

Rachou-se de ganhar dinheiro.

Do lado do funcionalismo, nos Três Poderes o corporativismo venceu.

Viva! Brasil! Pobre viaja de avião. Esquerda caviar e Centrão só andam de jatinho, dividindo o espaço da aeronave com sacos e mais sacos de dinheiro vivo. Grupos brasileiros multinacionais criam diretorias de propina. Sim, porque se a coisa não for organizada, perde-se a noção de a quantas as contas andam. Achacador acaba recebendo duas vezes.

Cingapura e Coreia do Sul viraram países de outra categoria. Tornou-se impossível alcançá-los.

2011 a 2018 − (crescimento médio anual de 0,59%)

É o Brasil de hoje. Treze milhões de desempregados, outros tantos vivendo de biscates. Classe B virou C. C virou D.

Os que furtaram o país ilegalmente estão indo para a cadeia. Já os que o fizeram dentro da lei, se beneficiando de absurdos adquiridos, não raro sem ter trabalhado um dia sequer na vida, estão protegidos pela Constituição.

“Nesses ninguém pode mexer”, diz o governo.

“Nesses ninguém pode mexer”, diz a oposição.

“Nesses ninguém pode mexer”, diz o Supremo.

A Reforma da Previdência deve passar no Congresso. Mas, caro amigo leitor, contenha seu entusiasmo. Não pense que ela será o grande remédio do qual o Brasil precisa para voltar a crescer. É apenas um torniquete para estancar a hemorragia.

Continuo acreditando que a Bolsa vai continuar subindo, como subiu na época do Jango, aquele que queria transformar o Brasil numa república sindical.

Trata-se de uma questão de comparação de oportunidades, ações versus taxas de juros, favorecendo a primeira.

Quanto a este trader velho e surrado, que testemunhou todos esses episódios e aprendeu a ganhar e a perder nos mercados, gostaria mesmo é de ver o Brasil subir. Mas, quase chegando aos 79, perdi as esperanças.

Esse Eldorado, essa Coreia do Sul dos trópicos – onde em se plantando tudo dá − seria mais do que viável não fosse o egoísmo dos novos senhores feudais.

Que o nono círculo de Alighieri os tenha.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
BOLSA E CÂMBIO

Dólar belisca a casa dos R$ 5,66, mas encerra o dia a R$ 5,6231; na contramão, Ibovespa cai 0,95%. O que mexeu com os mercados aqui e lá fora?

29 de agosto de 2024 - 12:49

As bolsas em Nova York operaram em alta na maior parte do dia, mas tiveram que lidar com perdas da Nvidia — que também pressionou os mercados na Ásia; Europa celebrou dados de inflação na região

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Sem medo de soar repetitivo: Ibovespa mira novos recordes após indicação de Galípolo enquanto investidores esperam PIB dos EUA

29 de agosto de 2024 - 8:12

Além da revisão do PIB dos EUA no segundo trimestre, os investidores aguardam os dados de novos pedidos de seguro-desemprego

TEM LUZ NO FIM DO TÚNEL?

A Selic vai mesmo subir? O Brasil não tem mais jeito? Dois fatos sobre os juros e um sobre a economia na visão dos chefões dos grandes bancos

27 de agosto de 2024 - 19:43

Mario Leão, do Santander Brasil, e Roberto Sallouti, do BTG, avaliaram a economia brasileira durante evento que reuniu CEOs de grandes bancos e empresas brasileiras nesta terça-feira (27); confira o que eles pensam sobre o nosso futuro

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Um belo crescimento econômico mesmo em condições monetárias restritivas: haverá recessão nos Estados Unidos?

27 de agosto de 2024 - 6:23

O cenário atual aponta para uma normalização econômica acompanhada em forma de uma desaceleração organizada, o que historicamente tende a ser favorável para ativos de risco

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Entre dragões de gelo e fogo: Ibovespa inicia semana de olho em dados de inflação e emprego e juras sobre juros

26 de agosto de 2024 - 8:11

Indicadores de inflação e mercado de trabalho no Brasil e nos EUA ajudam investidores a calibrar perspectivas para os juros

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: IPCA-15 e dados de desemprego dominam a semana no Brasil; no exterior, PIB dos EUA ganha destaque

26 de agosto de 2024 - 7:02

Nesta semana, a agenda dos investidores será recheada de dados sobre inflação. Os mercados financeiros acompanham ainda discursos de dirigentes do Fed e do FOMC

Bombou na semana

O calvário das Americanas (AMER3), as pedras no caminho de Campos Neto e o virtual fim das contas rendeiras: veja as mais lidas da semana

24 de agosto de 2024 - 18:10

Notícias sobre a Americanas foram novamente os que mais chamaram a atenção dos leitores do Seu Dinheiro, ocupando os dois primeiros lugares entre as mais lidas da semana

BOLETIM FOCUS

Uma notícia boa e duas ruins para Campos Neto diante da melhora da projeção do PIB na Focus

19 de agosto de 2024 - 9:59

Projeção para o PIB de 2024 cresce e alimenta especulações sobre possível retomada da alta dos juros pelo Copom

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Depois de emplacar suas duas melhores semanas no ano, Ibovespa caminha a reboque dos próximos passos do Fed

19 de agosto de 2024 - 8:02

Ibovespa acumula alta de quase 5% em agosto, mas continuidade do movimento é altamente dependente do rumo dos juros nos EUA

AS TRÊS GARANTIAS

Uma nova China vem aí? Como a segunda maior economia do mundo quer virar o jogo e voltar a crescer forte

16 de agosto de 2024 - 20:00

Segundo o primeiro-ministro chinês, os esforços serão concentrados em áreas com capacidade de crescimento robusto e força motriz — mas enquanto o plano não vem, uma ajudinha extra é anunciada

PROJETO PILOTO

Focus x Firmus: Nova pesquisa do Banco Central mostra que empresários estão mais pessimistas que os economistas de mercado

12 de agosto de 2024 - 12:35

Nova pesquisa do BC ainda está em fase experimental, mas tenta ampliar universo de atores consultados para determinar expectativas econômicas

OTIMISMO NA CONSTRUÇÃO

‘Torneira aberta’ do governo, investidor com baixo rendimento e melhora da economia: o tripé que deve impulsionar a construção civil até o fim do ano

29 de julho de 2024 - 17:19

CBIC vê cenário otimista e projeta melhora do PIB do setor, impulsionado por Minha Casa Minha Vida, poupança, FGTS e emprego

Metal precioso

PIB americano alimenta apetite do mercado por risco; confira o que o dado provocou na cotação do ouro em Nova York

25 de julho de 2024 - 16:14

Valorização do iene e do franco suíço contribuíram para o desempenho do metal precioso

MUITA CALMA NESSA HORA

Os juros vão cair mesmo? Por que o mercado comemorou o PIB dos EUA, mas não deveria

25 de julho de 2024 - 12:46

Indicadores econômicos divulgados nesta quinta-feira (25) reforçaram a crença dos investidores de que o primeiro corte de juros nos EUA em quatro anos vai acontecer em setembro

Previsões do mercado

O detalhe do IBC-Br que pode ser fundamental para os seus investimentos

15 de julho de 2024 - 11:49

Índice considerado uma prévia do PIB registrou avanço de 0,25% em maio, levemente abaixo do resultado do mês anterior

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Ibovespa tenta manter invencibilidade em julho em dia de IBC-Br e reação a atentado contra Trump e PIB da China

15 de julho de 2024 - 8:00

Ibovespa protagoniza sua melhor sequência positiva desde a passagem de 2017 para 2018 e acumula alta de 4% em julho

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: Balanços ganham tração nos EUA em meio a decisão de juros do BCE e prévia do PIB no Brasil

15 de julho de 2024 - 7:04

Por aqui, a temporada de resultados só deve acontecer na semana seguinte, mas as publicações semanais das empresas lá fora podem dar um tom do que esperar

HERMANOS EM FOCO

Javier Milei conseguiu avanços na Argentina, mas catalisadores de curto prazo acabaram — esta analista revela o que ainda pode ser feito

4 de julho de 2024 - 15:37

Em um relatório publicado na última quarta-feira (3), a analista Sofia Ordonez, do BTG Pactual, destaca que o ritmo de ajustes econômicos na Argentina perdeu vapor

EM SUAS MARCAS…

PIB dos EUA: o que os números da maior economia do mundo escondem — e como Trump e Biden usarão essa arma no debate de hoje

27 de junho de 2024 - 15:22

O democrata e o republicano se enfrentam na noite desta quinta-feira (27) no primeiro debate das eleições presidenciais de novembro e os dados do PIB podem ser um trunfo na definição dos votos dos eleitores indecisos

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Depois de 5 altas seguidas, Ibovespa tenta igualar a melhor sequência do ano até agora, mas não terá vida fácil

25 de junho de 2024 - 8:06

Ata da última reunião do Copom tende a dar o tom dos negócios no Ibovespa hoje, mas perda de fôlego da inteligência artificial lá fora pode pesar

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar